terça-feira, 29 de outubro de 2013

Palavras...

Estou triste, assim como quem sofre por mim, não quero mais palavras de ti, nem de ninguém, porque palavras já eu sei, descubro-as nos segredos, nos meus, nos teus, nos vossos medos, entaipadas portas e janelas, descubro-as também através delas...

Palavras trocadas com sentido,
Palavras amadas e sofridas,
Palavras esgotadas e feridas,
Palavras sem cor, doentes,
Palavras sem som, dormentes,
Palavras amarfanhadas, rasgadas pela minha mente,
Palavras, serpentes, vistas por toda a gente,
Palavras, olhares, símbolos e letras,
Palavras escondidas em sorrisos, abraços e beijos
sob cometas,

Palavras, palavras, palavras, palavras, palavras, palavras, e mais palavras...

Palavras, sem mim ou para mim,
Palavras inacabadas, sem fim...

Estou triste, assim como quem sofre por mim, ou sofrerei por ti?
Não quero viver assim...

Bate as asas ao vento, pássaro ferido, com o tempo, e pede a Deus te dê alento, e grita ao Céu a tua mágoa, grita, grita, grita apenas uma palavra!


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mal-me-quer, bem-me-quer....

De tudo o que sonhei, resta-me a esperança que inventei há tanto tempo que nem consigo perceber o argumento...

Ao amanhecer acorda-me com um beijo ó Sol, que a chuva e o vento são meu tormento, e nos ponteiros do relógio (re)vivo, segurando nas mãos essa flor que encontrei no meu caminho, numa estrada abandonada, além, numa terra de ninguém....

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...

Meu corpo não aguenta essa passada, e já não consigo voltar a adormecer nesse  bem querer, ou não querer, tantos minutos de silêncio que não são nada, nem partida, nem chegada... sinto-me perdida, alienada e tão, tão, machucada...

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Há formas e formas de...

Há formas e formas de ignorar, há formas e formas de não pensar, há formas e formas de amar, há formas e formas de mentir e há tantas e tantas formas de ser gentil...
Ignorar palavras ditas, gestos feitos, ignorar pedidos, e choros e gritos, ignorar por ignorar, ignorar por não sentir, ignorar por compaixão, ou por não ter coração, ignorar direitos, ignorar defeitos, ignorar dores e favores, e liberdades e capacidades, ferir suscetibilidades, ignorar por não querer ou por querer bem (?), e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Não pensar por distração, por substituição, não pensar por não querer, por não amar, por não cuidar, por incapacidade, por insanidade, por casualidade (?), não pensar para esquecer, para vencer, para não ter que dar nem receber, não querer correr, saber fazer, não pensar apenas, não pensar, que pode ferir, partir, quase matar, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Amar de forma singela,  amar com paixão, amar de forma possessiva, agressiva, provocar claustrofobia,  amar de forma doentia, amar com as palavras, sem palavras, ajoelhar, olhar com o coração, com perdão, com carinho e com ternura, aquele amor que perdura, abraçar, compartilhar, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Mentiras mil, reconhecidas no rosto, na expressão, nos beijos dados sem pressa, nem coração, assuntos que inventam desculpas ou distração, as palavras uma confusão, não sei se diga sim ou diga não, fingir preocupação, o esquecimento, foi do vento, amanhã é promessa vã, confusão, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Ser gentil, parece bem, forma fácil, dócil, um sorriso, um gesto, um galanteio, uma flor, um beijo, expressar algum desejo, um cumprimento, estar atento, ouvir, escutar, olhar nos olhos, falar, disponibilidade, dizer eternidade, passear, andar, convidar, seguir ao lado, sempre adaptado, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Cadências...



Tenho nas mãos este pedaço de liberdade que uso em prol da sanidade, incoerências de uma vida atribulada, num sobe e desce de ilusão e apatia….
Ilusão porque de malabarismos conheço já todos os que me ensinaram a sobreviver de saco cheio, bolso vazio, de comunhão, descomunhão, de palavras e compromissos, de lágrimas, de alegrias, das ditas e desditas apatias, mãos amarradas em cordas de emoção e laços de família…
Neste país de confusão meu coração grita de mágoa pela filha mais velha que quer ir embora, pela mais nova que iniciou à pouco os primeiros passos de dança, de esperança e confiança no dia que vai nascer amanhã, um novo amor que não sabe voltar a ser palavra vã….
Do filho a saudade, daquele abraço que não é dado pela distância… volta, não volta? hoje ou amanhã?
E neste jogo imposto aos dois lados vai-se perdendo sempre, sempre, mais qualquer coisa….
Levantar, deitar, trabalhar, amar, levantar, trabalhar, amar, deitar, levantar…. a cadência das horas que não para, neste relógio, na nossa vida…
E, nesta cadência de dias de sol, e dias de chuva, e dias de nevoeiro, e outra vez dias de sol, e dias de nevoeiro, e dias de chuva…. e outra vez os dias, todos os dias, a cadência dos dias, o desespero de alguns dias, a alegria de outros dias…… o tempo vai passando e nada se perde mas tudo se transforma….


Iniciação...



Entrelaço as minhas mãos nas gotas dos teus olhos molhados de amor e falo, em vão, palavras que não entendes serem alertas…  a porta entreaberta deixou-te desprotegida e de nada valem as minhas mãos, mesmo que abertas…
És a criança que sorri, a adolescente que eu descobri…..  e ainda há tão pouco tempo adormecias no meu colo….
Sei que vais querer viver no mundo ‘do País das Maravilhas’, sei que me irás responder muitas vezes: Eu sei! Eu quero!  E eu, eu, estarei sempre aqui ao teu lado e do teu lado, para te proteger,  para te abraçar, para te sorrir e para  te ajudar a perceber que, ‘no fim’, viveste sempre, sempre, mesmo que apenas um sonho repleto de aventuras ou desventuras, foram elas que te ajudaram a crescer….



Não sei porque sei...




Contornei minuciosamente
com um lápis de carvão, transparente,
que me emprestou sentido à vida
uma forma desconhecida
e colori com mil pincéis
o relevo de uma ilustração
desse livro imaginário
onde aprendi a ler e a sorrir...
Desviei com as mãos
tantas letras de frases obsoletas
que me perdi no caminho do conhecer...
Tentei decorar e não esquecer
mas, tantas vezes me perdi,
tantas vezes cometi esse pecado
de não ficar saciado,
que hoje já não sei
porque sei o que aprendi.