terça-feira, 17 de agosto de 2010

porque te amo....





De manhã quando te acordo com beijos
que no sono que persiste reclamas não querer mais
E juntas damos as mãos caminhando pelas ruas
nos rimos da cumplicidade das tuas travessuras
e dos segredos que compartilhamos só nós duas
Sei que sabes que te amo
E eu sei que me amas minha filha
E quando na tua ânsia de crescer te digo não
te falo em regras e no respeito pelos outros
na impossibilidade de cresceres mais rápido
e te digo ainda não chegou a hora
Sei que sabes que te amo
E eu sei que me amas minha filha
E, quando à noite adormeces no meu colo
te afago os cabelos ainda de menina
que queres por força já sejam de mulher
Sei que sabes que te amo
E eu sei que me amas minha filha

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

... Cravos...





Cem escudos o molho de cravos!
Tenho brancos, encarnados...

Sem escudos o pobre fugindo
desesperado
Cem escudos o molho!
Oferece,
convence quem passa indeciso
que olha o molho de cravos
brancos e encarnados...

É preciso vender para comer,
é preciso fugir de quem lá vem
que te quer prender,
apreender o molho de cravos
brancos e encarnados

São só cem escudos!

Não custa o que custa manter uma boca
a comer
Não custa o que custa fugir
para vender

Sem escudos os olhos,
atentos,
que olham bem fundo
para convencer

Já viu?
São só cem escudos...

domingo, 1 de agosto de 2010

Metropolitano


Um mar de gente, apressada, de passo curto (acelerado)
Um combóio barulhento (que já partiu)
O atraso no tempo, de quem chega com uma criança
que grita
Mais um combóio (que apita)
O corre-corre, apressado, o empurrar descuidado
de gente sem tempo
O "gozo" do "enlatamento" no suor, desse ar viciado
pela preocupação
Os minutos que passam - o trabalho! (?)
A criança chora
está quase na hora - do trabalho! (?)
O combóio barulhento apita
um homem grita: - CUIDADO!

A mulher entrou e a criança ficou...

Não vale a pena esperar por outro (?)

E o combóio partiu cheio de lágrimas, contidas, de rancor
de suor
do esforço de quem começou mais um dia de trabalho(?)...

Lisboa






Nesta cidade em que eu vivo, que respiro, que transpiro
que subo e desço, no movimento contínuo de gente
em desalinho
por entre carros e cheiros de escapes
Nesta cidade de rumores de poluição
que não se vão no bafo das luzes de "Centros"
tão pobre de rebentos de flores
estão meus amores, meus desejos, meus humores...

Esta Lisboa em que eu amo a luz, um rio (azul) e a vida...

Das muralhas do castelo, tão símbolo de conquistas
meus olhos avistam barcos que chegam ao cais
trazendo gente de mais, que se dispersa nos "Arcos"
na confusão de ruas com varinas e pregões
no emaranhado, difuso, de prédios e fontanários
cenários de cores pardas, mal tratadas pelo tempo (?)
em que a omnipotência deixou descendência em estátuas
e ruínas, em sinos de Igrejas e hinos...

Já é tarde!
Na imagem derradeira do Centro das Amoreiras há cores vivas
que emprestam um novo sentido à vida de Lisboa
de gente jovem, de gente boa...