quarta-feira, 30 de março de 2011

o amor é.....


Alguém bateu à minha porta
e a casa encheu-se de flores
desse cheiro de jasmim
e a casa encheu-se de cores
as paredes de carmim
e eu que estava meio morta
de promessas e desamor
voltei a sentir na cor
a conciliação em mim

Beijos dados com paixão
afastaram todo o medo, essa aflição
e eu que estava meio morta,
de promessas e desamor
renasci de novo à vida
essa vida colorida
de azul do céu, de azul do mar
ensinaste-me de novo a amar

No cimo dessa montanha
construí o meu castelo
de paredes altas e fortes
onde não entrasse a dor
onde não entrasse a morte
onde só entrasse o amor
onde só entrasse a sorte

Mas às vezes o vento norte
que trás o raio e trovão
tenta matar essa sorte
corromper o coração

Vai embora ó vento norte
p’ra bem longe do meu castelo,
deixa em paz meu cavaleiro
vai-te embora ó agoureiro

Meu amor, meu cavaleiro
meu amor, minha paixão
é tão forte, é tão bravio
mata o vento no desafio....

sábado, 26 de março de 2011

Porque é Primavera....







Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...

Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima.

Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...

Tu não me tiraste a Natureza...

Tu não me mudaste a Natureza...

Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.

Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.

Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Só me arrependo de outrora te não ter amado

(Álvaro de Campos)

sexta-feira, 25 de março de 2011

E ergo as mãos ao Céu...


Esta dor intensa dentro do peito que me sufoca
Este soluço que me cala os lábios
Esta revolta…. esta vontade de fechar os olhos
voar de encontro ao sol, enrolar as asas num gesto surdo…

Sinto esvair-me nesta dormência de um corpo nu e mutilado de aflição
esta dor de arrancar todas as roupas tão cobertas de suor e sangue,
tão cobertas de lama e desespero, que desconheço já a minha pele
no som descompassado das palavras que ecoa por todos os lados
porque me elegeram ambos, sou réu numa prisão de ameaças veladas
e queixumes…
loucura e desespero porque desconheço a minha culpa,
loucura e desespero porque desconheço a minha pena…

E ergo as mãos ao Céu
E ergo as mãos ao Céu

...

terça-feira, 15 de março de 2011

de novo aqui.... (agora mesmo... )



Queria que me abraçasses
agora mesmo…
aqui,
no meio da rua, da praia,
das gentes…
Queria que me abraçasses
agora mesmo…
aqui,
sem horas, sem relógios,
nem tempos…
Queria que me abraçasses
agora mesmo…
me beijasses, me amasses
me torturasses…
mas sobretudo,
queria que me abraçasses
agora mesmo…
aqui…

para ti .....

Poder sentir-te pela manhã
fresca de sabor nos lábios quentes
ficar o beijo, o meu amor
esses presentes, o teu calor
Poder tocar-te, olhar-te
falar-te sem palavras vãs
ficar a troca do sentimento
a memória dessas manhãs
Poder dizer amo-te com o olhar
sem ser preciso calar o gesto
o meu amar, levar-te comigo
minha canção, meu melhor amigo
meu coração...