domingo, 1 de novembro de 2015

Silêncios



Arrasto comigo sacos e sacos de palavras envolvidas da tua pele 
Hoje não te consigo sentir tāo perto mas continuo a olhar-te perdido no reflexo de todas as janelas 
E no fumo de todos os cigarros modelo o teu corpo vezes sem conta em sorrisos desejados 

Não me importa não pisar o palco porque me sei ator 
Não me importa não cegar com as luzes da ribalta 
Não me importa não sentir a roupa encharcada de todas as minhas lágrimas, o meu silêncio é o meu grito 
Não me importa que não tenha fome 
Nem me importa terem guardado a chave do meu quarto 

Não me importa...

Porque eles não sabem que alheado guardo os meus segredos nos meus sorrisos 
Leio-lhes nos silêncios as profecias 
E guardo-te ainda intacta, onde escondo a minha dor, 
Nesta caixa de música onde poderei ser eternamente o teu par...



sábado, 9 de novembro de 2013

9 de Novembro do ano de....

Há pessoas, episódios, 'coisas', que passam pela nossa vida e nos marcam de alguma forma para sempre... e, neste caso, há pessoas que nos marcam para sempre, nas vivências experienciadas, nos afetos trocados, nas emoções sentidas, transformadas, mais cedo ou mais tarde, apenas em recordações... mesmo das más experiências, temos quase sempre, à distância, tendência para as transformar em boas recordações...
9 de Novembro do ano de... nasce o meu irmão, Júlio Diniz, companheiro durante muitos anos das minhas férias de Verão... o mais 'chegado' dos outros dois irmãos, já que eu não fui 'criada' com nenhum deles... quis, no entanto, o destino que se tenha suicidado com 30 anos, já lá vão quase 24 anos...
9 de Novembro do ano de... nasce o meu sobrinho Jorge, filho da minha cunhada Ema, irmã do pai dos meus filhos...
9 de Novembro do ano de... com noventa e muitos anos, morre a Avó Ana, bisavó dos meus filhos... uma 'velhinha' muito querida, de que nas minhas recordações lembro ainda muito bem o hábito de ler diariamente o jornal e fazer meia, sentada numa pequena cadeira empalhada, na marquise ensolarada da casa da filha Natália, e adorar carapau alimado (à Algarvia), Olhão a sua terra de origem...
9 de Novembro do ano de... a minha filha mais velha (Ana), cruza-se num Bar/Discoteca com o Carlos, foi o início de um namoro bastante prolongado, que culminou no casamento que já ultrapassou os 4 anos...
9 de Novembro do ano de 2013, morre, por ataque cardíaco, a Avó Natália, minha sogra, mãe do pai dos meus filhos, iria fazer 86 anos no dia 25 de Março de 2014...
O convívio nos últimos anos foi demasiado escasso, consequência do que eu apelidaria de 'guerrilhas familiares', às quais os netos, (meus filhos), deveriam ter sido 'poupados' e alheios, mas que, infelizmente, assim não aconteceu. O meu filho Bernardo há demasiado tempo que a não via, razão principal também o facto de ter estado cerca de três anos na Base das Lages... eu, no entanto, tive sempre o cuidado de ir mantendo algum contacto por telefone, e de a ter visitado algumas vezes sózinha outras acompahada das minhas filhas, principalmente da Inês, razão de hoje terem ficado demasiado transtornadas com a notícia...
Mas, como o meu sobrinho Jorge diz na sua página do facebook: Descansa em paz avó....1 grande beijo..... eu também digo, neste dia 9 de Novembro do ano de...: 
descansa em paz meu irmão; 
descansa em paz Avó Ana; 
descansa em paz Avó Natália.
Mas, também digo, neste dia 9 de Novembro do ano de...: 
Jorge, que o dia do teu aniversário se perpetue por muitos e muitos anos, e que a recordação deste dia seja apenas um prestar de homenagem e a lembrança desse descansar em paz.... sê feliz!
Ana, que sintas orgulho no facto do tempo que passaste com a avó desde pequenina e de teres privado com ela ainda à relativamente pouco tempo, e acredita nas palavras do teu primo, é finalmente um descansar em paz... 
Inês, o tempo cura todas as dores, restará na tua memória os momentos que ainda conseguiste conviver com a avó e as 'recordações' que eu sei vais manter contigo sempre...
Bernardo, provavelmente para ti o dia de hoje será 'confuso' de gerir, por um lado tens a memória de uma fotografia, muito recente, em que a avó estava bastante desfigurada, e a que tu eras alheio, (por isso te pedi desculpa), por outro já eram muitos os anos que estiveste afastado dela.... e como tens sempre essa tendência de 'por o ar' de que nada te afeta... o que não é verdade, deixo-te um grande xi-coração,  acredita que, há coisas que acontecem porque assim 'têem' que acontecer...

No que a mim diz respeito, digo: 
mãe* foste uma excelente mãe, uma excelente sogra e uma excelente avó, no entanto, mercê dessa tua personalidade, diria difícil, muitas foram as vezes em que não conseguiste tirar mais proveito da vida, acabaste por nunca conseguir desfrutar da companhia de 'todos' ao mesmo tempo, ou nunca o quiseste ou nunca foste capaz... acredito, no entanto, que à tua maneira, sempre nos amaste, sempre e 'todos', também à sua maneira, te amaram a ti, sempre...  a partir de agora acabaram-se todas as tuas dores físicas e emocionais, por isso sei que encontraste a paz...

* (sempre a tratei assim, mesmo depois do divórcio) 







                                                   porque sei que eras devota...


 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Palavras...

Estou triste, assim como quem sofre por mim, não quero mais palavras de ti, nem de ninguém, porque palavras já eu sei, descubro-as nos segredos, nos meus, nos teus, nos vossos medos, entaipadas portas e janelas, descubro-as também através delas...

Palavras trocadas com sentido,
Palavras amadas e sofridas,
Palavras esgotadas e feridas,
Palavras sem cor, doentes,
Palavras sem som, dormentes,
Palavras amarfanhadas, rasgadas pela minha mente,
Palavras, serpentes, vistas por toda a gente,
Palavras, olhares, símbolos e letras,
Palavras escondidas em sorrisos, abraços e beijos
sob cometas,

Palavras, palavras, palavras, palavras, palavras, palavras, e mais palavras...

Palavras, sem mim ou para mim,
Palavras inacabadas, sem fim...

Estou triste, assim como quem sofre por mim, ou sofrerei por ti?
Não quero viver assim...

Bate as asas ao vento, pássaro ferido, com o tempo, e pede a Deus te dê alento, e grita ao Céu a tua mágoa, grita, grita, grita apenas uma palavra!


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mal-me-quer, bem-me-quer....

De tudo o que sonhei, resta-me a esperança que inventei há tanto tempo que nem consigo perceber o argumento...

Ao amanhecer acorda-me com um beijo ó Sol, que a chuva e o vento são meu tormento, e nos ponteiros do relógio (re)vivo, segurando nas mãos essa flor que encontrei no meu caminho, numa estrada abandonada, além, numa terra de ninguém....

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...

Meu corpo não aguenta essa passada, e já não consigo voltar a adormecer nesse  bem querer, ou não querer, tantos minutos de silêncio que não são nada, nem partida, nem chegada... sinto-me perdida, alienada e tão, tão, machucada...

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...