quarta-feira, 26 de maio de 2010

... não há coincidências...


(fotografia "tirada" da internet)
Fui aprendendo ao longo dos anos que não há coincidências... por muito que teimemos em apontar as “culpas” dos acontecimentos da vida à sorte, ao azar, ao destino, ao karma, até “ao outro”... numa tentativa de ilibar, a responsabilidade das nossas acções... uma forma, sobretudo, de minimizar a “dor”... a vida não é feita de acasos...
Se pensarmos que vivemos em sociedade, facilmente poderemos concluir que a relação causa/efeito está subjacente a “tudo”... tal como quando atiramos uma pedra à água se formam círculos, cada vez mais abrangentes.... por isso, é primordial que tenhamos a noção de que o que fazemos, fazemos não só para nós mas também para os outros... directa ou indirectamente, consciente ou inconscientemente, propositadamente ou não... e os outros, por sua vez, também o farão não só para eles próprios mas consequentemente para nós... como diria Maria Betânia “num jogo de culpa que faz tanto mal”...
Mas a atracção pelo jogo... o jogo da vida... o jogar com a vida... o jogar na vida... é sedutor... quanto mais não seja porque a possibilidade de conseguir vencer o risco, por à prova as nossas capacidades... por si só um jogo... uma aventura... nos torna mais sedutores de nós próprios... a possibilidade de nos confrontarmos com o outro e vencermos, nos torna mais sedutores aos seus olhos... e nos vai alimentando a auto-estima como uma bola de neve...
Não há coincidências... conscientes que somos do desenrolar dos acontecimentos.... das acções... conscientes que somos da vida... do que vivemos... de como vivemos...
Não há coincidências... porque temos livre arbítrio... porque somos inteligentes e “inteligíveis”...
Por isso eu acredito na lógica das coisas e não creio que haja coincidências...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Ciúme.....

Encontrei este artigo na net, por mero acaso, datado de Maio de 2007 e escrito por alguém que assina como JAS.... despertou-me a atenção e li-o com interesse, já que, reconheço ser, desde sempre, uma pessoa "ciumenta"...
Efectivamente revejo-me no "medo de perdermos o amor... de quem gostamos", seja esse "de quem gostamos" alguém como um amigo, um filho, um namorado,... o objecto da nossa afeição..... o sentimento desse "medo"("medo da perda") leva-nos, na maior parte das vezes, a manifestar atitutes exacerbadas perante (as) diversas situações, consideradas, normalmente, despropositadas "pelo outro" (objecto do nosso ciúme), que penso terem muito de irracional e de impulsivo... mas, sendo o ciúme um sentimento que causa inquitação, dor, sofrimento... não é de todo algo que tenhamos vontade de perpetuar... para quem já experienciou uma perda efectiva de afeição não será fácil, de certo, ultrapassar este tipo de atitude... há que reaprender a ter confiança em si próprio e no outro... há que aceitar a dúvida, a incerteza, como algo intrínseco à própria vida... no fundo, há que reaprender a viver...



"Faz bem ou faz mal ter ciúmes? O ciúme é saudável ou doentio? Quais as vantagens e desvantagens de ser ciumento?
Ao contrário do que normalmente se pensa, o ciúme não é uma criação ‘dos humanos’.
O Paco (que é o meu cão, de quem já aqui falei) é terrivelmente ciumento. Se vê alguém de quem gosta abraçar ou beijar alguém, perde positivamente a cabeça: começa a ladrar furiosamente e põe-se em pé, procurando separar as pessoas. Tem, além disso, terríveis ciúmes das crianças, pois percebe que elas lhe roubam a atenção e o carinho dos adultos.
E contam-se outras histórias, essas dramáticas. Como a de um cão que matou um bebé por não suportar ter deixado de ser o centro das atenções dos donos da casa.
O ciúme, além de não ser um exclusivo da natureza humana, também não se verifica apenas entre os amantes – seja entre pessoas de sexos diferentes, no caso dos heterossexuais, ou do mesmo sexo, no caso dos homossexuais. O ciúme verifica-se entre amigos e amigas, entre pais e filhos.
Quantas vezes, sem o assumirmos, sentimos ciúmes de um amigo de um nosso amigo, que nos disputa o seu convívio? E que outra coisa é senão ciúme a tradicionalmente difícil convivência entre mulheres e sogras?
O ciúme está associado ao medo de perdermos o amor ou a atenção de um ser de quem gostamos. Todos gostamos de ser amados. Se calhar, a secreta ambição de todos nós é sermos deuses – sermos adorados como os deuses. Quando sucede o contrário, quando antevemos o risco de perder alguém que amamos, de perder um amigo ou um amante, nasce o ciúme.
Por significar o receio de uma perda, o ciúme é tanto mais forte quanto maior se apresentar a perda. Dito de outra maneira, quanto mais gostamos de uma pessoa mais medo temos de a perder – e, por isso, mais ciúmes temos dela. Se estamos apaixonados, o receio de perdermos o objecto da nossa paixão é enorme – e qualquer ameaça que surja no horizonte, por mais remota que se apresente, ganha uma exagerada dimensão.
É por isso que se mata por ciúme.
Sendo O ciúme um sentimento natural, só é doentio na medida em que é desequilibrado relativamente à situação a que se refere. E isto tem uma razão de ser: os apaixonados tendem a idealizar o objecto da paixão. Não vêem a outra pessoa objectivamente, tal como os outros a vêem: vêem-na como um ideal. Vêem-na com uma aura. E, vendo assim o objecto da sua paixão, pensam que os outros o vêem do mesmo modo.
Achando muito desejável a pessoa amada, pensam que os outros a desejam com a mesma intensidade. Achando adorável a pessoa amada, pensam que os outros a adoram com o mesmo enlevo. Achando invulgarmente inteligente a pessoa amada, pensam que os outros lhe reconhecem a mesma inteligência.
Ora, o facto de os enamorados idealizarem a pessoa amada leva a que nos casos de verdadeira paixão o ciúme assuma proporções insuportáveis. E por isso encaram os pretensos ‘concorrentes’ como inimigos. Num olhar, num gesto, numa troca de palavras, vêem intenções reservadas, descobrem ameaças – e sofrem horrores.
A paixão cega-os, incendeia-os. Acreditando que ali está a sua razão de viver, fazem tudo para não a perder. E dispõem-se a eliminar as ameaças.
Não sendo bom, o ciúme é indissociável do amor e da paixão – e não seria possível a vida caso um e outro não existissem.
Felizmente os ciúmes têm um tempo – como as paixões também duram um tempo. Se os ciúmes e as paixões durassem a vida inteira, muita gente morreria de amor.
E os ciúmes esmorecem, tal como as paixões esmorecem, porque o tempo muda a maneira como vemos os outros. A quem não aconteceu achar uma pessoa o ser mais encantador do mundo, mais desejável do mundo, e um tempo depois encontrá-la na rua e achá-la vulgar, banal, igual às outras? Sentimos que houve um encantamento que se quebrou, um efeito de deslumbramento que se esfumou.
É certo que há excepções. Há uns anos, num debate a propósito de um romance meu, depois de eu ter afirmado que a paixão tinha um tempo de duração, uma senhora com óptimo aspecto mas já na idade madura disse-me da plateia:
- Isso não é verdade. Estou casada há trinta e cinco anos e continuo apaixonada pelo meu marido.
Felicitei-a. Mas adiantei que o caso dela era invulgar. Nas relações estáveis, a paixão dá normalmente lugar a outro tipo de sentimentos, menos arrebatados. E arrisquei que a paixão poderia mais facilmente prolongar-se em relações não consumadas, platónicas, em que o desejo não se realiza completamente e por isso perdura.
Voltou a contrariar-me. Numa voz firme, declarou:
– Numa relação não consumada sexualmente não pode haver paixão. Só existe paixão se existir consumação. Numa relação platónica o que pode existir é deslumbramento.
Paixão ou deslumbramento, uma coisa é certa: nas relações platónicas como nas não platónicas, nas amizades como nas ligações entre pais e filhos, o ciúme existe.
Quando o meu cão se intromete entre mim e alguém que abraço, sinto a medida do sentimento que tem por mim. E sei que esse sentimento é genuíno, que lhe vem de dentro, da sua natureza animal.
O cão tem ciúmes porque sente instintivamente que o amor que o dono tem por ele pode estar em perigo. Nós temos ciúmes porque sentimos que pode estar em perigo o amor de alguém que para nós é importante. Ora não será isto natural?"



sábado, 15 de maio de 2010

A vida é feita de pequenos nadas...



A vida é feita de pequenos nadas….
Palavras, sorrisos e beijos
afectos, abraços sentidos,
sinais, razões e ensejos
A vida é feita de pequenos nadas...
Pequenos gestos, carinho
flores, imagens e cores
que me oferecem no caminho
A vida é feita de pequenos nadas....
Transformam a alma num sorriso
um sorriso numa lágrima
uma lágrima sem sentido
A vida é feita de pequenos nadas....
Palavras, olhares, verdade
promessas, gestos cumpridos
valores, laços, amizade
A vida é feita de pequenos nadas...

terça-feira, 11 de maio de 2010

... Flores ...


A espantosa realidade das cousas

A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
.......................

(Alberto Caeiro)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

"Rosa Vermelha"




Não, não sou uma quimera
sou esse olhar, esse sorriso,
rosa vermelha à tua espera…
Desejo de amar dentro do peito
no eco dos teus beijos
fico escondida…
Apago os medos nos teus abraços,
na força das tuas mãos em mim
fico perdida…
Sou a cor do amor,
branco, mel e violeta, sou enfim
vermelho, azul e preta…

Sou o sopro do vento,
janela aberta para ti,
sou terra e mar neste momento
rosa vermelha… estou aqui….

domingo, 2 de maio de 2010

Dia da Mãe...

Hoje é o meu dia.... e o dia de tantas outras mães, que como eu, amam incondicionalmente os seus filhos....
Mas também é o dia daquelas outras mães (tantas).... que por quaisquer motivos que desconhecemos (?), não somos capazes de perceber (?), de entender (?), de aceitar... maltratam... rejeitam... abandonam... os seus filhos.
É para essas mães (e para esses filhos) que vai o meu abraço... para elas e para eles.... com desejo de força, de coragem, de perseverança... e o meu apelo a que não cruzem os braços, que lutem... que lutem para conseguir ultrapassar quaisquer obstáculos que as/os impeça de viver a oportunidade (única) de sentir esse amor (único) entre mãe e filho.... entre filho e mãe...

"Deixo" este poema de José Régio... um poema que "decorei" nos tempos de liceu e de que gosto especialmente... "Em cima da minha mesa, Tenho o teu retrato, Mãe!"




"Colegial"

Em cima da minha mesa,
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo…)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!

À cabeceira do leito,
Dentro dum lindo caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora…
Ai minha Nossa Senhora
Que se parece contigo,
E que tem, ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que tenho,
De menino pequenino…!

No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo, a um canto,
Não lhes vá tocar alguém,
(quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós…)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa…
Três maços – e nada leves! –
Atados com um retrós…

Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(Sei agora
Que isto de a gente ser grande
Não é como se nos pinta…)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta!