sábado, 9 de novembro de 2013

9 de Novembro do ano de....

Há pessoas, episódios, 'coisas', que passam pela nossa vida e nos marcam de alguma forma para sempre... e, neste caso, há pessoas que nos marcam para sempre, nas vivências experienciadas, nos afetos trocados, nas emoções sentidas, transformadas, mais cedo ou mais tarde, apenas em recordações... mesmo das más experiências, temos quase sempre, à distância, tendência para as transformar em boas recordações...
9 de Novembro do ano de... nasce o meu irmão, Júlio Diniz, companheiro durante muitos anos das minhas férias de Verão... o mais 'chegado' dos outros dois irmãos, já que eu não fui 'criada' com nenhum deles... quis, no entanto, o destino que se tenha suicidado com 30 anos, já lá vão quase 24 anos...
9 de Novembro do ano de... nasce o meu sobrinho Jorge, filho da minha cunhada Ema, irmã do pai dos meus filhos...
9 de Novembro do ano de... com noventa e muitos anos, morre a Avó Ana, bisavó dos meus filhos... uma 'velhinha' muito querida, de que nas minhas recordações lembro ainda muito bem o hábito de ler diariamente o jornal e fazer meia, sentada numa pequena cadeira empalhada, na marquise ensolarada da casa da filha Natália, e adorar carapau alimado (à Algarvia), Olhão a sua terra de origem...
9 de Novembro do ano de... a minha filha mais velha (Ana), cruza-se num Bar/Discoteca com o Carlos, foi o início de um namoro bastante prolongado, que culminou no casamento que já ultrapassou os 4 anos...
9 de Novembro do ano de 2013, morre, por ataque cardíaco, a Avó Natália, minha sogra, mãe do pai dos meus filhos, iria fazer 86 anos no dia 25 de Março de 2014...
O convívio nos últimos anos foi demasiado escasso, consequência do que eu apelidaria de 'guerrilhas familiares', às quais os netos, (meus filhos), deveriam ter sido 'poupados' e alheios, mas que, infelizmente, assim não aconteceu. O meu filho Bernardo há demasiado tempo que a não via, razão principal também o facto de ter estado cerca de três anos na Base das Lages... eu, no entanto, tive sempre o cuidado de ir mantendo algum contacto por telefone, e de a ter visitado algumas vezes sózinha outras acompahada das minhas filhas, principalmente da Inês, razão de hoje terem ficado demasiado transtornadas com a notícia...
Mas, como o meu sobrinho Jorge diz na sua página do facebook: Descansa em paz avó....1 grande beijo..... eu também digo, neste dia 9 de Novembro do ano de...: 
descansa em paz meu irmão; 
descansa em paz Avó Ana; 
descansa em paz Avó Natália.
Mas, também digo, neste dia 9 de Novembro do ano de...: 
Jorge, que o dia do teu aniversário se perpetue por muitos e muitos anos, e que a recordação deste dia seja apenas um prestar de homenagem e a lembrança desse descansar em paz.... sê feliz!
Ana, que sintas orgulho no facto do tempo que passaste com a avó desde pequenina e de teres privado com ela ainda à relativamente pouco tempo, e acredita nas palavras do teu primo, é finalmente um descansar em paz... 
Inês, o tempo cura todas as dores, restará na tua memória os momentos que ainda conseguiste conviver com a avó e as 'recordações' que eu sei vais manter contigo sempre...
Bernardo, provavelmente para ti o dia de hoje será 'confuso' de gerir, por um lado tens a memória de uma fotografia, muito recente, em que a avó estava bastante desfigurada, e a que tu eras alheio, (por isso te pedi desculpa), por outro já eram muitos os anos que estiveste afastado dela.... e como tens sempre essa tendência de 'por o ar' de que nada te afeta... o que não é verdade, deixo-te um grande xi-coração,  acredita que, há coisas que acontecem porque assim 'têem' que acontecer...

No que a mim diz respeito, digo: 
mãe* foste uma excelente mãe, uma excelente sogra e uma excelente avó, no entanto, mercê dessa tua personalidade, diria difícil, muitas foram as vezes em que não conseguiste tirar mais proveito da vida, acabaste por nunca conseguir desfrutar da companhia de 'todos' ao mesmo tempo, ou nunca o quiseste ou nunca foste capaz... acredito, no entanto, que à tua maneira, sempre nos amaste, sempre e 'todos', também à sua maneira, te amaram a ti, sempre...  a partir de agora acabaram-se todas as tuas dores físicas e emocionais, por isso sei que encontraste a paz...

* (sempre a tratei assim, mesmo depois do divórcio) 







                                                   porque sei que eras devota...


 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Palavras...

Estou triste, assim como quem sofre por mim, não quero mais palavras de ti, nem de ninguém, porque palavras já eu sei, descubro-as nos segredos, nos meus, nos teus, nos vossos medos, entaipadas portas e janelas, descubro-as também através delas...

Palavras trocadas com sentido,
Palavras amadas e sofridas,
Palavras esgotadas e feridas,
Palavras sem cor, doentes,
Palavras sem som, dormentes,
Palavras amarfanhadas, rasgadas pela minha mente,
Palavras, serpentes, vistas por toda a gente,
Palavras, olhares, símbolos e letras,
Palavras escondidas em sorrisos, abraços e beijos
sob cometas,

Palavras, palavras, palavras, palavras, palavras, palavras, e mais palavras...

Palavras, sem mim ou para mim,
Palavras inacabadas, sem fim...

Estou triste, assim como quem sofre por mim, ou sofrerei por ti?
Não quero viver assim...

Bate as asas ao vento, pássaro ferido, com o tempo, e pede a Deus te dê alento, e grita ao Céu a tua mágoa, grita, grita, grita apenas uma palavra!


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mal-me-quer, bem-me-quer....

De tudo o que sonhei, resta-me a esperança que inventei há tanto tempo que nem consigo perceber o argumento...

Ao amanhecer acorda-me com um beijo ó Sol, que a chuva e o vento são meu tormento, e nos ponteiros do relógio (re)vivo, segurando nas mãos essa flor que encontrei no meu caminho, numa estrada abandonada, além, numa terra de ninguém....

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...

Meu corpo não aguenta essa passada, e já não consigo voltar a adormecer nesse  bem querer, ou não querer, tantos minutos de silêncio que não são nada, nem partida, nem chegada... sinto-me perdida, alienada e tão, tão, machucada...

Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...
Mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, ou nada...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Há formas e formas de...

Há formas e formas de ignorar, há formas e formas de não pensar, há formas e formas de amar, há formas e formas de mentir e há tantas e tantas formas de ser gentil...
Ignorar palavras ditas, gestos feitos, ignorar pedidos, e choros e gritos, ignorar por ignorar, ignorar por não sentir, ignorar por compaixão, ou por não ter coração, ignorar direitos, ignorar defeitos, ignorar dores e favores, e liberdades e capacidades, ferir suscetibilidades, ignorar por não querer ou por querer bem (?), e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Não pensar por distração, por substituição, não pensar por não querer, por não amar, por não cuidar, por incapacidade, por insanidade, por casualidade (?), não pensar para esquecer, para vencer, para não ter que dar nem receber, não querer correr, saber fazer, não pensar apenas, não pensar, que pode ferir, partir, quase matar, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Amar de forma singela,  amar com paixão, amar de forma possessiva, agressiva, provocar claustrofobia,  amar de forma doentia, amar com as palavras, sem palavras, ajoelhar, olhar com o coração, com perdão, com carinho e com ternura, aquele amor que perdura, abraçar, compartilhar, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Mentiras mil, reconhecidas no rosto, na expressão, nos beijos dados sem pressa, nem coração, assuntos que inventam desculpas ou distração, as palavras uma confusão, não sei se diga sim ou diga não, fingir preocupação, o esquecimento, foi do vento, amanhã é promessa vã, confusão, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....
Ser gentil, parece bem, forma fácil, dócil, um sorriso, um gesto, um galanteio, uma flor, um beijo, expressar algum desejo, um cumprimento, estar atento, ouvir, escutar, olhar nos olhos, falar, disponibilidade, dizer eternidade, passear, andar, convidar, seguir ao lado, sempre adaptado, e tantas outras formas, saber ou não saber porque o fazer....



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Cadências...



Tenho nas mãos este pedaço de liberdade que uso em prol da sanidade, incoerências de uma vida atribulada, num sobe e desce de ilusão e apatia….
Ilusão porque de malabarismos conheço já todos os que me ensinaram a sobreviver de saco cheio, bolso vazio, de comunhão, descomunhão, de palavras e compromissos, de lágrimas, de alegrias, das ditas e desditas apatias, mãos amarradas em cordas de emoção e laços de família…
Neste país de confusão meu coração grita de mágoa pela filha mais velha que quer ir embora, pela mais nova que iniciou à pouco os primeiros passos de dança, de esperança e confiança no dia que vai nascer amanhã, um novo amor que não sabe voltar a ser palavra vã….
Do filho a saudade, daquele abraço que não é dado pela distância… volta, não volta? hoje ou amanhã?
E neste jogo imposto aos dois lados vai-se perdendo sempre, sempre, mais qualquer coisa….
Levantar, deitar, trabalhar, amar, levantar, trabalhar, amar, deitar, levantar…. a cadência das horas que não para, neste relógio, na nossa vida…
E, nesta cadência de dias de sol, e dias de chuva, e dias de nevoeiro, e outra vez dias de sol, e dias de nevoeiro, e dias de chuva…. e outra vez os dias, todos os dias, a cadência dos dias, o desespero de alguns dias, a alegria de outros dias…… o tempo vai passando e nada se perde mas tudo se transforma….


Iniciação...



Entrelaço as minhas mãos nas gotas dos teus olhos molhados de amor e falo, em vão, palavras que não entendes serem alertas…  a porta entreaberta deixou-te desprotegida e de nada valem as minhas mãos, mesmo que abertas…
És a criança que sorri, a adolescente que eu descobri…..  e ainda há tão pouco tempo adormecias no meu colo….
Sei que vais querer viver no mundo ‘do País das Maravilhas’, sei que me irás responder muitas vezes: Eu sei! Eu quero!  E eu, eu, estarei sempre aqui ao teu lado e do teu lado, para te proteger,  para te abraçar, para te sorrir e para  te ajudar a perceber que, ‘no fim’, viveste sempre, sempre, mesmo que apenas um sonho repleto de aventuras ou desventuras, foram elas que te ajudaram a crescer….



Não sei porque sei...




Contornei minuciosamente
com um lápis de carvão, transparente,
que me emprestou sentido à vida
uma forma desconhecida
e colori com mil pincéis
o relevo de uma ilustração
desse livro imaginário
onde aprendi a ler e a sorrir...
Desviei com as mãos
tantas letras de frases obsoletas
que me perdi no caminho do conhecer...
Tentei decorar e não esquecer
mas, tantas vezes me perdi,
tantas vezes cometi esse pecado
de não ficar saciado,
que hoje já não sei
porque sei o que aprendi. 



segunda-feira, 15 de abril de 2013

olhares....



olho, apenas olho....
quando tu não vez a vida sem preconceito, eu olho a magia e a beleza, olho algo que é perfeito....

olho nos olhos a cumplicidade do momento,
olho a preto e branco o registo do sentimento....
olho, apenas olho....
e vou descobrindo sorrisos na solidão e rasgando mantos de escuridão e trauteando aquela canção, sempre a olhar, a olhar outra expressão...

olho, apenas olho....

olho ontem, hoje, olho amanhã, por vezes logo pela manhã..... mas olho todos os dias, olho mil vezes nunca igual, por isso olho, apenas olho....
meu vício que eu já não consigo deixar de olhar, apenas olhar....























sexta-feira, 8 de março de 2013

“Mulher”



Eu sou os dias que correm lentos,
aquela que passa na rua despida de mágoa contra o tempo...
visto-me de sorrisos, batom vermelho à espera de um galanteio
e sou o teu olhar, o teu desejo, o teu capricho,
sou a beleza…
sou também a incerteza, e a luta, e a revolta,
do tempo que passou e já não volta….
sou a mãe, sou a mulher, por vezes também avó…
trabalho pelo trabalho, trabalho porque estou só,
trabalho pelo dinheiro, trabalho por não estar só,
e trabalho o ano inteiro…. o ano inteiro migalho…
mas na rua, por quem passo, de sorriso vermelho nos lábios,
não sabe que também sou mãe, para além de mulher e avó…
sou a mãe que te dá colo, te beija e aconchega nos braços,
na cama tua mulher despida de embaraços….
por vezes, cabelos brancos e rugas marcadas pela vida
de lágrimas não choradas, de tanta raiva contida…

Mas nas pedras da calçada meus saltos altos contem
o som da mulher que passa e nunca se deu por vencida…