sexta-feira, 8 de março de 2013

“Mulher”



Eu sou os dias que correm lentos,
aquela que passa na rua despida de mágoa contra o tempo...
visto-me de sorrisos, batom vermelho à espera de um galanteio
e sou o teu olhar, o teu desejo, o teu capricho,
sou a beleza…
sou também a incerteza, e a luta, e a revolta,
do tempo que passou e já não volta….
sou a mãe, sou a mulher, por vezes também avó…
trabalho pelo trabalho, trabalho porque estou só,
trabalho pelo dinheiro, trabalho por não estar só,
e trabalho o ano inteiro…. o ano inteiro migalho…
mas na rua, por quem passo, de sorriso vermelho nos lábios,
não sabe que também sou mãe, para além de mulher e avó…
sou a mãe que te dá colo, te beija e aconchega nos braços,
na cama tua mulher despida de embaraços….
por vezes, cabelos brancos e rugas marcadas pela vida
de lágrimas não choradas, de tanta raiva contida…

Mas nas pedras da calçada meus saltos altos contem
o som da mulher que passa e nunca se deu por vencida…

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