...uma espécie de tributo, ao que foram, ao que são e ao que poderão vir a ser...
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Coração...
Sentir-te dentro da pele rasgada
de lágrimas
mudo de silêncio e dor
na dormência das palavras
ditas com raiva
meu coração não morreu
tão louco de ti
por ti enlouqueceu
e já foi rosa de folhas dobradas
e cor vermelha
e já foi fogo e foi paixão
e flor e fruto e imensidão
e já foi céu azul
e já sobrevoou o mar
e já bateu tão forte
e já venceu a morte
e já foi raio e foi trovão
e já foi letra de canção
e já cruzou os céus
rasgou todos os véus
e já foi madrugada
e noite escura
e já foi pedra da calçada
e aventura…
aflito dessa aflição enlouqueceu
sobreviveu à morte
tão louco de ti
por ti sobreviveu
Quero...
Invadiu-me o frio
tenho por agasalho a letra de uma canção
e no odor a rosas, vermelhas, relembro a nossa paixão
nos lábios sinto todos os teus beijos
e na minha pele nua os teus desejos
mas a chuva, tanta, encharcou a nossa cama
entrelaçaram-se os corpos dentro da lama
o dia nasceu já, é madrugada
procuro pelo caminho, não vejo a estrada
não oiço qualquer som, nem o meu grito
não consigo vislumbrar o infinito…
Quero renascer nos olhos de uma criança
Sorrir, gargalhar até às lágrimas
aprender a gatinhar, sarar as minhas mágoas
Quero transformar meu corpo em gás
Desaparecer no mundo
Seguir em frente, não olhar para trás…
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
na senda do Peter Pan....
Independência
Recuso-me a aceitar o que me derem.
Recuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.
Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.
Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.
Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!
Jorge de Sena, in 'Coroa da Terra'
um desejo: que a recusa em.... seja repleta de aventuras mágicas em 2011
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
(...) não arrumei nem uma coisa nem outra...
Álvaro de Campos
Reticências
Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem - um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Produtos românticos, nós todos...
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura...
Santos Deuses, assim até se faz a vida!
Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra...
.... é a minha maneira de estar sózinha....
Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
(Fernando Pessoa)
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
.... o tempo vai passando.....
neste tempo de ausência senti como se tivesse abandonado este local que considerei tanto tempo como o "meu canto".... um local priveligiado de partilha e divagação, de inspiração, de encontro e reflexão, de pausa no tempo... no meu tempo.... mas, sobretudo, um espaço de encontro... de encontro comigo própria... de encontro com ... "os outros"...
abandonei este local tal como me abandonei ao sabor das emoções durante este período de tempo... de pausa... de espera.... de encontros e desencontros... de procura e descoberta.... de alguma luta... algumas lágrimas.... mas sobretudo de mudança...
queria poder dizer que me sinto completamente feliz....
a vida é demasiado complicada.... as pessoas são demasido complicadas.... o egoísmo... o ciúme... a maldade... o despeito... o desrespeito.... o(s) hábito(s).... e as coisas mais práticas, como ter casa, emprego, o que comer.... ter (algum) dinheiro.... não para esbanjar, mas para fazer face às "necessidade normais" do dia a dia.... mesmo que a necessidade seja apenas tomar um café..... seja apenas a compra de uma pequena lembrança para comemorar uma data especial...
com isto quero dizer que há coisas importantes, diria até fundamentais, que não existem... e outras perfeitamente descartáveis que sobejam.... no fim... resta (apenas) o sentimento... um grande sentimento.... um sentimento que existe... um sentimento que é partilhado.... e que foi comunicado a quem de direito...
Depois existe o sonho....
o sonho da concretização de todos os nossos planos.... trabalhados diariamente até à exaustão..... pensados.... construídos e fundamentados no desejo de transformar o sonho nessa realidade que podemos sentir e distinguir quase ali.... tão próxima que se estendermos a mão lhe podemos tocar.... mas que ainda assim não foi ainda....
resta, continuar a lutar....
resta, continuar a acreditar....
resta, continuar a amar....
resta, sempre, a capacidade de sonhar.....
resta, ainda e sempre, a capacidade de sorrir....
abandonei este local tal como me abandonei ao sabor das emoções durante este período de tempo... de pausa... de espera.... de encontros e desencontros... de procura e descoberta.... de alguma luta... algumas lágrimas.... mas sobretudo de mudança...
queria poder dizer que me sinto completamente feliz....
a vida é demasiado complicada.... as pessoas são demasido complicadas.... o egoísmo... o ciúme... a maldade... o despeito... o desrespeito.... o(s) hábito(s).... e as coisas mais práticas, como ter casa, emprego, o que comer.... ter (algum) dinheiro.... não para esbanjar, mas para fazer face às "necessidade normais" do dia a dia.... mesmo que a necessidade seja apenas tomar um café..... seja apenas a compra de uma pequena lembrança para comemorar uma data especial...
com isto quero dizer que há coisas importantes, diria até fundamentais, que não existem... e outras perfeitamente descartáveis que sobejam.... no fim... resta (apenas) o sentimento... um grande sentimento.... um sentimento que existe... um sentimento que é partilhado.... e que foi comunicado a quem de direito...
Depois existe o sonho....
o sonho da concretização de todos os nossos planos.... trabalhados diariamente até à exaustão..... pensados.... construídos e fundamentados no desejo de transformar o sonho nessa realidade que podemos sentir e distinguir quase ali.... tão próxima que se estendermos a mão lhe podemos tocar.... mas que ainda assim não foi ainda....
resta, continuar a lutar....
resta, continuar a acreditar....
resta, continuar a amar....
resta, sempre, a capacidade de sonhar.....
resta, ainda e sempre, a capacidade de sorrir....
domingo, 12 de setembro de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
porque te amo....
De manhã quando te acordo com beijos
que no sono que persiste reclamas não querer mais
E juntas damos as mãos caminhando pelas ruas
nos rimos da cumplicidade das tuas travessuras
e dos segredos que compartilhamos só nós duas
Sei que sabes que te amo
E eu sei que me amas minha filha
E quando na tua ânsia de crescer te digo não
te falo em regras e no respeito pelos outros
na impossibilidade de cresceres mais rápido
e te digo ainda não chegou a hora
Sei que sabes que te amo
E eu sei que me amas minha filha
E, quando à noite adormeces no meu colo
te afago os cabelos ainda de menina
que queres por força já sejam de mulher
Sei que sabes que te amo
E eu sei que me amas minha filha
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
... Cravos...
Cem escudos o molho de cravos!
Tenho brancos, encarnados...
Sem escudos o pobre fugindo
desesperado
Cem escudos o molho!
Oferece,
convence quem passa indeciso
que olha o molho de cravos
brancos e encarnados...
É preciso vender para comer,
é preciso fugir de quem lá vem
que te quer prender,
apreender o molho de cravos
brancos e encarnados
São só cem escudos!
Não custa o que custa manter uma boca
a comer
Não custa o que custa fugir
para vender
Sem escudos os olhos,
atentos,
que olham bem fundo
para convencer
Já viu?
São só cem escudos...
domingo, 1 de agosto de 2010
Metropolitano
Um mar de gente, apressada, de passo curto (acelerado)
Um combóio barulhento (que já partiu)
O atraso no tempo, de quem chega com uma criança
que grita
Mais um combóio (que apita)
O corre-corre, apressado, o empurrar descuidado
de gente sem tempo
O "gozo" do "enlatamento" no suor, desse ar viciado
pela preocupação
Os minutos que passam - o trabalho! (?)
A criança chora
está quase na hora - do trabalho! (?)
O combóio barulhento apita
um homem grita: - CUIDADO!
A mulher entrou e a criança ficou...
Não vale a pena esperar por outro (?)
E o combóio partiu cheio de lágrimas, contidas, de rancor
de suor
do esforço de quem começou mais um dia de trabalho(?)...
Lisboa
Nesta cidade em que eu vivo, que respiro, que transpiro
que subo e desço, no movimento contínuo de gente
em desalinho
por entre carros e cheiros de escapes
Nesta cidade de rumores de poluição
que não se vão no bafo das luzes de "Centros"
tão pobre de rebentos de flores
estão meus amores, meus desejos, meus humores...
Esta Lisboa em que eu amo a luz, um rio (azul) e a vida...
Das muralhas do castelo, tão símbolo de conquistas
meus olhos avistam barcos que chegam ao cais
trazendo gente de mais, que se dispersa nos "Arcos"
na confusão de ruas com varinas e pregões
no emaranhado, difuso, de prédios e fontanários
cenários de cores pardas, mal tratadas pelo tempo (?)
em que a omnipotência deixou descendência em estátuas
e ruínas, em sinos de Igrejas e hinos...
Já é tarde!
Na imagem derradeira do Centro das Amoreiras há cores vivas
que emprestam um novo sentido à vida de Lisboa
de gente jovem, de gente boa...
domingo, 25 de julho de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
Tempestade...
Este arrastar de pés na lama que me prende
na liberdade das palavras
que rasgam a minha pele
sem pudor de magoar, porque as conheço de cor…
Não choro por cansaço, nem sinto no teu abraço
afastar o meu degredo, esse é o teu segredo…
Não ouves as minhas lágrimas?
Dói-me aqui, cá dentro de mim…
Lavo-me sem pudor, no pudor das minhas letras,
das tuas letras, obsoletas como eu
porque as sinto, porque arrastam a minha dor
ainda mais além do outro que morreu
Não, não choro de cansaço!
Não é cansaço não querer ver,
apenas esta mágoa, o perceber…
(Há muito percorro a estrada sozinha
por isso te compreendo…)
Ninguém entende! Ninguém me entende!
Não quero ser apenas alguém,
não quero ser apenas mais ninguém
nesse mundo de fantasia que emerge
como erva daninha por entre os dedos que tocam
nas teclas desse piano, sem vida….
Não, não quero ser mais uma amiga!
Escuta, escuta os meus olhos,
não vês que sofro amor, que sofro nessa dor?
Tão complexa a minha alma?
Porque caminho no meio da tempestade,
mantenho a calma
neste arrastar de pés na lama que me prende
na liberdade das palavras
que rasgam a minha pele,
sem pudor de magoar, porque as conheço de cor…
Mas quero-te, quero-te deste meu louco querer,
por isso me dispo de mim e visto-me de ti,
entrego-te esta parte,
desvendo-te os meus segredos sem tocar com os meus dedos
nos teus,
não vês que tenho medos?
Não quero ser apenas alguém,
não quero ser apenas mais ninguém
nesse mundo de fantasia que emerge
entre nós….
sexta-feira, 23 de julho de 2010
... se ao menos ...
Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse
Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse
ou se ao menos me desses as mãos como quem beija
e não partisses, assim, empurrando o vento
com o coração aflito, sufocado de segredos;
se ao menos percebesses que eram nossos
todos os bancos de todos os jardins;
se ao menos guardasses nos teus gestos essa bandeira de lirismo
que ambos empunhamos na cidade clandestina
Quando as manhas cheiravam a óleo e a flores
e o inverno espreitava ainda nas esquinas como uma criança tremendo;
se ao menos tivesses levado as minhas mãos para tocar os teus dedos
para guardar o teu corpo;
se ao menos tivesses quebrado o riso frio dos espelhos
onde o teu rosto se esconde no meu rosto
e a minha boca lembra a tua despedida,
talvez que, hoje, meu amor, eu pudesse esquecer
essa cor perdida nos teus olhos.
António Gedeão
Flores nas mãos da Maria
Há dias assim, em que me apetece escrever, sem “rumo”, sem “tema”, escrever por escrever…nestes dias sento-me em frente deste pequeno ecrã do meu portátil e tal como se estivesse a compor livremente nas teclas de um piano, escrevo… não sei para quem, nem porquê, nem o quê, simplesmente escrevo… palavras, palavras soltas, que vão construindo frases que nem leio, apenas escrevo, logo se vê... logo se lê… não me apetece sequer pensar o que escrevo, porque escrevo, apenas escrevo….
O som dos meus dedos, no teclado, fascina-me, atraí-me, não consigo deixar de o fazer, e escrevo…. presa nessa som... presos os meus dedos… não consigo ouvir mais nada, não penso em mais nada, apenas escrevo, assim, como estou a fazer agora… coisas de quem não tem mais nada que fazer? Não! Fascina-me ver a página cheia de letras que se unem e formam palavras, que se unem e formam frases, que se unem e formam um texto…
Há pessoas que gostam de ouvir música, ver televisão, ler, dançar, conversar, passear… eu gosto de escrever… mas também ouço música, adoro ouvir música e também leio, também vejo, por vezes, televisão, e adoro dançar... adoro dançar… e conversar... e passear… mas, se me perguntarem hoje, agora, do que gosto mais, responderei sem sombra de dúvida, que é deste som, o som dos meus dedos no teclado... no silêncio da sala, ignoro a solidão… ignoro o barulho dos carros que passam lá fora… ignoro o cansaço do final de outro dia de trabalho… ignoro os meus problemas… ignoro o anoitecer… ignoro o mundo… ignoro que estou “sozinha”, porque não estou sozinha no som dos meus dedos no teclado….
Acho que se escrevesse “à mão”, não era a mesma coisa… tenho a certeza que não era a mesma coisa porque preciso ouvir o som dos meus dedos no teclado, preciso sentir-me no ecrã… olhar-me de frente… olhar de frente para o texto... vê-lo crescer… apesar de poder não ter qualquer sentido, vê-lo crescer é como pintar uma aguarela… poderia ser uma tela, mas eu gosto mais dos tons suaves provocados pela técnica da aguarela, por isso vê-lo crescer é como pintar uma aguarela…
Não, não sou louca… não estou louca… porque haveria de estar louca? Porque simplesmente gosto de escrever assim... escrever sem “rumo”, sem “tema”, nesta liberdade que sinto total... porque simplesmente não me sinto sozinha quando me acompanha o som que os meus dedos fazem no teclado…
Hoje apetece-me escrever assim... “soltar” palavras... soltar apenas as palavras sem um fio condutor, antecipado... apetece-me olha-las gravadas no “papel”… sem intenção ou destino... quase como uma forma de sublimar o facto de te não poder sentir... de te não poder abraçar... de te não poder beijar... estar contigo…
Tenho “sede” de ti... sede de te ouvir, de te falar, de partilhar alguns momentos contigo... poucos minutos que fossem…
Não porque me sinta assim tão triste ou porque o “silêncio” enche a minha sala, não fosse o facto do ruído do bater no teclado… por opção minha... não me apetece ver ou ouvir a televisão... sempre as mesmas notícias, sempre as mesmas novelas, sempre os mesmos anúncios…
E as cassetes que tenho na aparelhagem. e que já ouvi tantas e repetidas vezes, não me apetece “trocá-las”.... não me apetece levantar desta cadeira, sair de perto desta mesa, da minha mesa, procurar, escolher outras…
Por isso vou escrevendo, libertando esta tensão, nos gestos repetidos no teclado, de uma forma contínua sem grandes pensamentos, deixando fluir a escrita como sai… de uma forma simples... descomplicada…
Também me apetecia dizer-te que te amo, que penso em ti, que te sinto a falta…. que me fazes falta…
Também me apetecia acender um cigarro, mas já não fumo... consegui finalmente cumprir a minha promessa.... apesar de achar que não faz sentido falar no cumprimento de uma promessa porque deixei de o fazer de uma forma demasiado “natural”.... não houve sacrifício.... simplesmente deixou de me apetecer fumar.... assim...
Ficarias contente se soubesses que já não fumo... tenho a certeza... a certeza absoluta....
E por tudo isto vou escrevendo… uma forma de estar comigo... uma forma de estar contigo... uma forma de estar com os outros.....
quarta-feira, 26 de maio de 2010
... não há coincidências...
(fotografia "tirada" da internet)
Fui aprendendo ao longo dos anos que não há coincidências... por muito que teimemos em apontar as “culpas” dos acontecimentos da vida à sorte, ao azar, ao destino, ao karma, até “ao outro”... numa tentativa de ilibar, a responsabilidade das nossas acções... uma forma, sobretudo, de minimizar a “dor”... a vida não é feita de acasos...
Se pensarmos que vivemos em sociedade, facilmente poderemos concluir que a relação causa/efeito está subjacente a “tudo”... tal como quando atiramos uma pedra à água se formam círculos, cada vez mais abrangentes.... por isso, é primordial que tenhamos a noção de que o que fazemos, fazemos não só para nós mas também para os outros... directa ou indirectamente, consciente ou inconscientemente, propositadamente ou não... e os outros, por sua vez, também o farão não só para eles próprios mas consequentemente para nós... como diria Maria Betânia “num jogo de culpa que faz tanto mal”...
Mas a atracção pelo jogo... o jogo da vida... o jogar com a vida... o jogar na vida... é sedutor... quanto mais não seja porque a possibilidade de conseguir vencer o risco, por à prova as nossas capacidades... por si só um jogo... uma aventura... nos torna mais sedutores de nós próprios... a possibilidade de nos confrontarmos com o outro e vencermos, nos torna mais sedutores aos seus olhos... e nos vai alimentando a auto-estima como uma bola de neve...
Não há coincidências... conscientes que somos do desenrolar dos acontecimentos.... das acções... conscientes que somos da vida... do que vivemos... de como vivemos...
Não há coincidências... porque temos livre arbítrio... porque somos inteligentes e “inteligíveis”...
Por isso eu acredito na lógica das coisas e não creio que haja coincidências...
quarta-feira, 19 de maio de 2010
O Ciúme.....
Encontrei este artigo na net, por mero acaso, datado de Maio de 2007 e escrito por alguém que assina como JAS.... despertou-me a atenção e li-o com interesse, já que, reconheço ser, desde sempre, uma pessoa "ciumenta"...
Efectivamente revejo-me no "medo de perdermos o amor... de quem gostamos", seja esse "de quem gostamos" alguém como um amigo, um filho, um namorado,... o objecto da nossa afeição..... o sentimento desse "medo"("medo da perda") leva-nos, na maior parte das vezes, a manifestar atitutes exacerbadas perante (as) diversas situações, consideradas, normalmente, despropositadas "pelo outro" (objecto do nosso ciúme), que penso terem muito de irracional e de impulsivo... mas, sendo o ciúme um sentimento que causa inquitação, dor, sofrimento... não é de todo algo que tenhamos vontade de perpetuar... para quem já experienciou uma perda efectiva de afeição não será fácil, de certo, ultrapassar este tipo de atitude... há que reaprender a ter confiança em si próprio e no outro... há que aceitar a dúvida, a incerteza, como algo intrínseco à própria vida... no fundo, há que reaprender a viver...
"Faz bem ou faz mal ter ciúmes? O ciúme é saudável ou doentio? Quais as vantagens e desvantagens de ser ciumento?
Ao contrário do que normalmente se pensa, o ciúme não é uma criação ‘dos humanos’.
O Paco (que é o meu cão, de quem já aqui falei) é terrivelmente ciumento. Se vê alguém de quem gosta abraçar ou beijar alguém, perde positivamente a cabeça: começa a ladrar furiosamente e põe-se em pé, procurando separar as pessoas. Tem, além disso, terríveis ciúmes das crianças, pois percebe que elas lhe roubam a atenção e o carinho dos adultos.
E contam-se outras histórias, essas dramáticas. Como a de um cão que matou um bebé por não suportar ter deixado de ser o centro das atenções dos donos da casa.
O ciúme, além de não ser um exclusivo da natureza humana, também não se verifica apenas entre os amantes – seja entre pessoas de sexos diferentes, no caso dos heterossexuais, ou do mesmo sexo, no caso dos homossexuais. O ciúme verifica-se entre amigos e amigas, entre pais e filhos.
Quantas vezes, sem o assumirmos, sentimos ciúmes de um amigo de um nosso amigo, que nos disputa o seu convívio? E que outra coisa é senão ciúme a tradicionalmente difícil convivência entre mulheres e sogras?
O ciúme está associado ao medo de perdermos o amor ou a atenção de um ser de quem gostamos. Todos gostamos de ser amados. Se calhar, a secreta ambição de todos nós é sermos deuses – sermos adorados como os deuses. Quando sucede o contrário, quando antevemos o risco de perder alguém que amamos, de perder um amigo ou um amante, nasce o ciúme.
Por significar o receio de uma perda, o ciúme é tanto mais forte quanto maior se apresentar a perda. Dito de outra maneira, quanto mais gostamos de uma pessoa mais medo temos de a perder – e, por isso, mais ciúmes temos dela. Se estamos apaixonados, o receio de perdermos o objecto da nossa paixão é enorme – e qualquer ameaça que surja no horizonte, por mais remota que se apresente, ganha uma exagerada dimensão.
É por isso que se mata por ciúme.
Sendo O ciúme um sentimento natural, só é doentio na medida em que é desequilibrado relativamente à situação a que se refere. E isto tem uma razão de ser: os apaixonados tendem a idealizar o objecto da paixão. Não vêem a outra pessoa objectivamente, tal como os outros a vêem: vêem-na como um ideal. Vêem-na com uma aura. E, vendo assim o objecto da sua paixão, pensam que os outros o vêem do mesmo modo.
Achando muito desejável a pessoa amada, pensam que os outros a desejam com a mesma intensidade. Achando adorável a pessoa amada, pensam que os outros a adoram com o mesmo enlevo. Achando invulgarmente inteligente a pessoa amada, pensam que os outros lhe reconhecem a mesma inteligência.
Ora, o facto de os enamorados idealizarem a pessoa amada leva a que nos casos de verdadeira paixão o ciúme assuma proporções insuportáveis. E por isso encaram os pretensos ‘concorrentes’ como inimigos. Num olhar, num gesto, numa troca de palavras, vêem intenções reservadas, descobrem ameaças – e sofrem horrores.
A paixão cega-os, incendeia-os. Acreditando que ali está a sua razão de viver, fazem tudo para não a perder. E dispõem-se a eliminar as ameaças.
Não sendo bom, o ciúme é indissociável do amor e da paixão – e não seria possível a vida caso um e outro não existissem.
Felizmente os ciúmes têm um tempo – como as paixões também duram um tempo. Se os ciúmes e as paixões durassem a vida inteira, muita gente morreria de amor.
E os ciúmes esmorecem, tal como as paixões esmorecem, porque o tempo muda a maneira como vemos os outros. A quem não aconteceu achar uma pessoa o ser mais encantador do mundo, mais desejável do mundo, e um tempo depois encontrá-la na rua e achá-la vulgar, banal, igual às outras? Sentimos que houve um encantamento que se quebrou, um efeito de deslumbramento que se esfumou.
É certo que há excepções. Há uns anos, num debate a propósito de um romance meu, depois de eu ter afirmado que a paixão tinha um tempo de duração, uma senhora com óptimo aspecto mas já na idade madura disse-me da plateia:
- Isso não é verdade. Estou casada há trinta e cinco anos e continuo apaixonada pelo meu marido.
Felicitei-a. Mas adiantei que o caso dela era invulgar. Nas relações estáveis, a paixão dá normalmente lugar a outro tipo de sentimentos, menos arrebatados. E arrisquei que a paixão poderia mais facilmente prolongar-se em relações não consumadas, platónicas, em que o desejo não se realiza completamente e por isso perdura.
Voltou a contrariar-me. Numa voz firme, declarou:
– Numa relação não consumada sexualmente não pode haver paixão. Só existe paixão se existir consumação. Numa relação platónica o que pode existir é deslumbramento.
Paixão ou deslumbramento, uma coisa é certa: nas relações platónicas como nas não platónicas, nas amizades como nas ligações entre pais e filhos, o ciúme existe.
Quando o meu cão se intromete entre mim e alguém que abraço, sinto a medida do sentimento que tem por mim. E sei que esse sentimento é genuíno, que lhe vem de dentro, da sua natureza animal.
O cão tem ciúmes porque sente instintivamente que o amor que o dono tem por ele pode estar em perigo. Nós temos ciúmes porque sentimos que pode estar em perigo o amor de alguém que para nós é importante. Ora não será isto natural?"
Efectivamente revejo-me no "medo de perdermos o amor... de quem gostamos", seja esse "de quem gostamos" alguém como um amigo, um filho, um namorado,... o objecto da nossa afeição..... o sentimento desse "medo"("medo da perda") leva-nos, na maior parte das vezes, a manifestar atitutes exacerbadas perante (as) diversas situações, consideradas, normalmente, despropositadas "pelo outro" (objecto do nosso ciúme), que penso terem muito de irracional e de impulsivo... mas, sendo o ciúme um sentimento que causa inquitação, dor, sofrimento... não é de todo algo que tenhamos vontade de perpetuar... para quem já experienciou uma perda efectiva de afeição não será fácil, de certo, ultrapassar este tipo de atitude... há que reaprender a ter confiança em si próprio e no outro... há que aceitar a dúvida, a incerteza, como algo intrínseco à própria vida... no fundo, há que reaprender a viver...
"Faz bem ou faz mal ter ciúmes? O ciúme é saudável ou doentio? Quais as vantagens e desvantagens de ser ciumento?
Ao contrário do que normalmente se pensa, o ciúme não é uma criação ‘dos humanos’.
O Paco (que é o meu cão, de quem já aqui falei) é terrivelmente ciumento. Se vê alguém de quem gosta abraçar ou beijar alguém, perde positivamente a cabeça: começa a ladrar furiosamente e põe-se em pé, procurando separar as pessoas. Tem, além disso, terríveis ciúmes das crianças, pois percebe que elas lhe roubam a atenção e o carinho dos adultos.
E contam-se outras histórias, essas dramáticas. Como a de um cão que matou um bebé por não suportar ter deixado de ser o centro das atenções dos donos da casa.
O ciúme, além de não ser um exclusivo da natureza humana, também não se verifica apenas entre os amantes – seja entre pessoas de sexos diferentes, no caso dos heterossexuais, ou do mesmo sexo, no caso dos homossexuais. O ciúme verifica-se entre amigos e amigas, entre pais e filhos.
Quantas vezes, sem o assumirmos, sentimos ciúmes de um amigo de um nosso amigo, que nos disputa o seu convívio? E que outra coisa é senão ciúme a tradicionalmente difícil convivência entre mulheres e sogras?
O ciúme está associado ao medo de perdermos o amor ou a atenção de um ser de quem gostamos. Todos gostamos de ser amados. Se calhar, a secreta ambição de todos nós é sermos deuses – sermos adorados como os deuses. Quando sucede o contrário, quando antevemos o risco de perder alguém que amamos, de perder um amigo ou um amante, nasce o ciúme.
Por significar o receio de uma perda, o ciúme é tanto mais forte quanto maior se apresentar a perda. Dito de outra maneira, quanto mais gostamos de uma pessoa mais medo temos de a perder – e, por isso, mais ciúmes temos dela. Se estamos apaixonados, o receio de perdermos o objecto da nossa paixão é enorme – e qualquer ameaça que surja no horizonte, por mais remota que se apresente, ganha uma exagerada dimensão.
É por isso que se mata por ciúme.
Sendo O ciúme um sentimento natural, só é doentio na medida em que é desequilibrado relativamente à situação a que se refere. E isto tem uma razão de ser: os apaixonados tendem a idealizar o objecto da paixão. Não vêem a outra pessoa objectivamente, tal como os outros a vêem: vêem-na como um ideal. Vêem-na com uma aura. E, vendo assim o objecto da sua paixão, pensam que os outros o vêem do mesmo modo.
Achando muito desejável a pessoa amada, pensam que os outros a desejam com a mesma intensidade. Achando adorável a pessoa amada, pensam que os outros a adoram com o mesmo enlevo. Achando invulgarmente inteligente a pessoa amada, pensam que os outros lhe reconhecem a mesma inteligência.
Ora, o facto de os enamorados idealizarem a pessoa amada leva a que nos casos de verdadeira paixão o ciúme assuma proporções insuportáveis. E por isso encaram os pretensos ‘concorrentes’ como inimigos. Num olhar, num gesto, numa troca de palavras, vêem intenções reservadas, descobrem ameaças – e sofrem horrores.
A paixão cega-os, incendeia-os. Acreditando que ali está a sua razão de viver, fazem tudo para não a perder. E dispõem-se a eliminar as ameaças.
Não sendo bom, o ciúme é indissociável do amor e da paixão – e não seria possível a vida caso um e outro não existissem.
Felizmente os ciúmes têm um tempo – como as paixões também duram um tempo. Se os ciúmes e as paixões durassem a vida inteira, muita gente morreria de amor.
E os ciúmes esmorecem, tal como as paixões esmorecem, porque o tempo muda a maneira como vemos os outros. A quem não aconteceu achar uma pessoa o ser mais encantador do mundo, mais desejável do mundo, e um tempo depois encontrá-la na rua e achá-la vulgar, banal, igual às outras? Sentimos que houve um encantamento que se quebrou, um efeito de deslumbramento que se esfumou.
É certo que há excepções. Há uns anos, num debate a propósito de um romance meu, depois de eu ter afirmado que a paixão tinha um tempo de duração, uma senhora com óptimo aspecto mas já na idade madura disse-me da plateia:
- Isso não é verdade. Estou casada há trinta e cinco anos e continuo apaixonada pelo meu marido.
Felicitei-a. Mas adiantei que o caso dela era invulgar. Nas relações estáveis, a paixão dá normalmente lugar a outro tipo de sentimentos, menos arrebatados. E arrisquei que a paixão poderia mais facilmente prolongar-se em relações não consumadas, platónicas, em que o desejo não se realiza completamente e por isso perdura.
Voltou a contrariar-me. Numa voz firme, declarou:
– Numa relação não consumada sexualmente não pode haver paixão. Só existe paixão se existir consumação. Numa relação platónica o que pode existir é deslumbramento.
Paixão ou deslumbramento, uma coisa é certa: nas relações platónicas como nas não platónicas, nas amizades como nas ligações entre pais e filhos, o ciúme existe.
Quando o meu cão se intromete entre mim e alguém que abraço, sinto a medida do sentimento que tem por mim. E sei que esse sentimento é genuíno, que lhe vem de dentro, da sua natureza animal.
O cão tem ciúmes porque sente instintivamente que o amor que o dono tem por ele pode estar em perigo. Nós temos ciúmes porque sentimos que pode estar em perigo o amor de alguém que para nós é importante. Ora não será isto natural?"
sábado, 15 de maio de 2010
A vida é feita de pequenos nadas...
A vida é feita de pequenos nadas….
Palavras, sorrisos e beijos
afectos, abraços sentidos,
sinais, razões e ensejos
A vida é feita de pequenos nadas...
Pequenos gestos, carinho
flores, imagens e cores
que me oferecem no caminho
A vida é feita de pequenos nadas....
Transformam a alma num sorriso
um sorriso numa lágrima
uma lágrima sem sentido
A vida é feita de pequenos nadas....
Palavras, olhares, verdade
promessas, gestos cumpridos
valores, laços, amizade
A vida é feita de pequenos nadas...
terça-feira, 11 de maio de 2010
... Flores ...
A espantosa realidade das cousas
A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
.......................
(Alberto Caeiro)
sexta-feira, 7 de maio de 2010
"Rosa Vermelha"
Não, não sou uma quimera
sou esse olhar, esse sorriso,
rosa vermelha à tua espera…
Desejo de amar dentro do peito
no eco dos teus beijos
fico escondida…
Apago os medos nos teus abraços,
na força das tuas mãos em mim
fico perdida…
Sou a cor do amor,
branco, mel e violeta, sou enfim
vermelho, azul e preta…
Sou o sopro do vento,
janela aberta para ti,
sou terra e mar neste momento
rosa vermelha… estou aqui….
domingo, 2 de maio de 2010
Dia da Mãe...
Hoje é o meu dia.... e o dia de tantas outras mães, que como eu, amam incondicionalmente os seus filhos....
Mas também é o dia daquelas outras mães (tantas).... que por quaisquer motivos que desconhecemos (?), não somos capazes de perceber (?), de entender (?), de aceitar... maltratam... rejeitam... abandonam... os seus filhos.
É para essas mães (e para esses filhos) que vai o meu abraço... para elas e para eles.... com desejo de força, de coragem, de perseverança... e o meu apelo a que não cruzem os braços, que lutem... que lutem para conseguir ultrapassar quaisquer obstáculos que as/os impeça de viver a oportunidade (única) de sentir esse amor (único) entre mãe e filho.... entre filho e mãe...
"Deixo" este poema de José Régio... um poema que "decorei" nos tempos de liceu e de que gosto especialmente... "Em cima da minha mesa, Tenho o teu retrato, Mãe!"
"Colegial"
Em cima da minha mesa,
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo…)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!
À cabeceira do leito,
Dentro dum lindo caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora…
Ai minha Nossa Senhora
Que se parece contigo,
E que tem, ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que tenho,
De menino pequenino…!
No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo, a um canto,
Não lhes vá tocar alguém,
(quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós…)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa…
Três maços – e nada leves! –
Atados com um retrós…
Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(Sei agora
Que isto de a gente ser grande
Não é como se nos pinta…)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta!
Mas também é o dia daquelas outras mães (tantas).... que por quaisquer motivos que desconhecemos (?), não somos capazes de perceber (?), de entender (?), de aceitar... maltratam... rejeitam... abandonam... os seus filhos.
É para essas mães (e para esses filhos) que vai o meu abraço... para elas e para eles.... com desejo de força, de coragem, de perseverança... e o meu apelo a que não cruzem os braços, que lutem... que lutem para conseguir ultrapassar quaisquer obstáculos que as/os impeça de viver a oportunidade (única) de sentir esse amor (único) entre mãe e filho.... entre filho e mãe...
"Deixo" este poema de José Régio... um poema que "decorei" nos tempos de liceu e de que gosto especialmente... "Em cima da minha mesa, Tenho o teu retrato, Mãe!"
"Colegial"
Em cima da minha mesa,
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo…)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!
À cabeceira do leito,
Dentro dum lindo caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora…
Ai minha Nossa Senhora
Que se parece contigo,
E que tem, ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que tenho,
De menino pequenino…!
No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo, a um canto,
Não lhes vá tocar alguém,
(quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós…)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa…
Três maços – e nada leves! –
Atados com um retrós…
Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(Sei agora
Que isto de a gente ser grande
Não é como se nos pinta…)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta!
domingo, 25 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
"Abri a Porta ao Sol..."
Tremem-me as mãos, doem-me os dedos
sinto no corpo um frio intenso que desconheço
Drogaram-me com palavras, com conversas
injectaram-me nas veias tantas promessas
de salvação da alma, para que mantivesse a calma
Cobriram-me com lenços de cetim e senti dentro de mim
o vómito do progresso
Rodeada pelo reflexo dessa luz intensa, que me enlouquece
desmaio, inconsciente da vida,
amanhece…
Olhos tristes, sem lágrimas, estrada deserta
onde já não sonho, não sorrio e já não tenho frio
percorro o caminho, encontro-te aberta
Memórias ténues de raios de luz
vermelho, paixão, estendes-me a mão
envolves meu corpo coberto de dor
no calor da promessa, chegou o Verão…
sábado, 17 de abril de 2010
Simone Bittencourt de Oliveira - Começar de novo - 1979
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Ter me rebelado
Ter me debatido
Ter me machucado
Ter sobrevivido
Ter virado a mesa
Ter me conhecido
Ter virado o barco
Ter me socorrido
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Sem as tuas garras
Sempre tão seguras
Sem o teu fantasma
Sem tua moldura
Sem tuas escoras
Sem o teu domínio
Sem tuas esporas
Sem o teu fascínio
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Sem as tuas garras
Sempre tão seguras
Sem o teu fantasma
Sem tua moldura
Sem tuas escoras
Sem o teu domínio
Sem tuas esporas
Sem o teu fascínio
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Já ter te esquecido
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Beethoven - Für Elise (fur Elise, piano solo)
(Também)gosto de música clássica...
Um dos meus autores preferidos é Beethoven e esta "bagatela para piano" "Für Elise", que me transmite uma sensação de bem estar, serenidade, remete-me para a reflexão(psicológica),do mundo que me rodeia, da minha vida...
Para quem já conhece e quiser (re)lembrar, e para quem ainda não conhece e quiser conhecer, "deixo aqui" "Für Elise" ("Para Elisa")de Ludwig van Beethoven.
Ainda algumas informações sobre a composição desta peça, que retirei da Wikipédia:
“...Quanto às origens históricas desta bagatela para piano são muito pouco conhecidas. Sabe-se (pelo rascunho encontrado) que Beethoven teria composto esta pequena obra, pelos anos 1808 ou 1810, em honra de uma senhora a quem propôs casamento, chamada Therese Malfatti..."
"...Therese, por achar que Beethoven não seria o seu melhor marido (pois Beethoven era muito autoritário e desorganizado), casou, mais tarde, em 1816, com o barão von Drosdick..."
"...Assim como todas as obras musicais revelam o estado anímico do compositor, também esta bagatela não foge à regra. Revela nostalgia, tristeza, certa alegria, excitação, inquietação, alvoroço, tempestade e, curiosamente, quando termina parece dar-nos a entender que Beethoven quer exprimir mais qualquer coisa e que, propositadamente, não quer expressar..."
"...dando a ideia de depressão, angústia, pesar e conformidade com a dor. Será que Beethoven queria manifestar com isso a sua dor da não correspondência amorosa da parte de Therese? É possível. Apesar de tudo é uma peça predominantemente emotiva, sentimental e muito bonita, fazendo as delícias de qualquer romântico.."
Lonely looking sky
À memória desta história de "Fernão Capelo Gaivota", que continua bem viva na minha memória (passo o pleonasmo)...
O livro, li-o várias vezes, foi-me oferecido por uma grande amiga (Patrícia), infelizmente emprestei-o e nunca mo devolveram, o filme fui vê-lo, ao antigo cinema do Apolo 70, já lá vão alguns anos, com alguém que já não está entre nós ("Lola")...
Resta-me o LP em vínil e o CD...
Esta é uma das minhas músicas preferidas:
Lonely lookin sky
lonely sky, lonely looking sky
and bein' lonely
makes you wonder why
makes you wonder why
lonely looking sky
lonely looking sky
lonely looking sky
Lonely looking night
lonely night, lonely looking night
and bein' lonely
never made it right
never made it right
lonely looking night
lonely looking night
lonely looking night
Sleep we sleep
for we may dream
while we may
dream we dream
for we may wake
one more day
one more day
Glory looking day
glory day, glory looking day
and all it's glory
told a simple way
behold it if you may
glory looking day
glory looking day
lonely looking sky
domingo, 11 de abril de 2010
Primavera
Como uma gaivota de asas abertas
voando nos céus por cima das águas
a fome avançando as bocas despertas
pelos cheiros do peixe nas ruas desertas
eu vou conquistando novas amizades
esquecendo tristezas de outros passados
desbravando a tempo todas as verdades
vou correndo fugindo para outro lado
e nessas conquistas nesses sentimentos
nesse renascer chega a Primavera...
Como uma gaivota de asas abertas
parto, à conquista dessas descobertas...
sábado, 10 de abril de 2010
Na sombra dos meus passos
Tenho a boca vazia de palavras
há muito deixei de ver
para sobreviver na vida…
Caminho na sombra dos meus passos
rastos de pés sulcados na areia
estão gastos, ando perdida…
Rasgo as ondas com o corpo
azul e mar e maresia
espuma branca, lua colorida
perdi o tempo
e esqueço esse momento
esgotada no prazer
tentando esconder a euforia…
Carcereira dos meus passos
olho essa praia deserta
e sinto, sei que estou certa…
Transparente a alma nunca mente,
mostra sempre aquilo que sente…
Ericeira
Hoje apeteceu-me ir "arejar" as ideias...
Escolhi ir passear até à Ericeira, adoro a Ericeira... O dia estava espectacular e apanhar ar, sol, passear descalça na areia da praia, sentir o mar, é uma espécie de "remédio santo" para todos os males, pelo menos para os meus...
Não fui sózinha... a Maria (a minha filhota mais nova), foi comigo. Aproveitamos para tirar umas fotografias, conversar e brincar... brincar muito... na água... na areia... com as palavras... simplesmente brincar... Há muito que não estavamos assim as duas sózinhas, com todo o tempo do mundo só para nós... e é tão importante para uma filhota adolescente poder assim "curtir" com a mãe...
Eu... eu realmente regressei a casa com a "alma nova"... A minha filhota chegou cansada, mito cansada, habituada que está a não andar senão de carro (os tempos mudaram...), mas com um ar feliz...
Fica o registo fotográfico deste dia para "memória futura"...
To be or not to be...
Pois é, tenho andado por aí a "vasculhar" os meus livros (alguns deles..), e a (re)ler alguns capítulos, direi mesmo a tentar "achar-me", não que me encontre assim tão "perdida", mas "perdida" um pouco... O facto de tomarmos decisões importantes na vida, faz-nos reflectir em tudo... Foi numa dessas leituras que "encontrei" este excerto que achei significativo...
"...
As pessoas mais felizes são aquelas para quem é mais fácil classificar como positivo um acontecimento próprio. O mais curioso é que,por vezes, dedicamos toda a nossa energia a aceitar as outras pessoas, a adaptarmo-nos às circunstâncias dos outros, mas não somos capazes de aplicar a receita a nós próprios. Esquecemo-nos de que não pode haver uma aceitação real do mundo que nos rodeia se não partirmos da aceitação autêntica do nosso.
Embora seja sempre preferível fazer as coisas acertadamente, não existe nenhuma lei que diga que há que ser excelente em tudo. A autocrítica constante destrói a auto-estima e absorve a vitalidade. cada um tem de tentar fazer o seu trabalho, educar os filhos (se os tiver) ou conviver com o seu companheiro da melhor forma possível, mas o facto de te enganares numa coisa ou de não fazeres tudo o que poderias não te transforma em incompetente, mas sim num ser humano. E se alguém te julgar mal por isso, o melhor que tens a fazer é afastá-lo da tua vida. Aceita os teus limites e defende-os e não esqueças que nem sempre podes, nem deves, agradar aos outros. Não te empenhes em esgotar-te fazendo tudo para demonstrar aos demias o que vales, entre outras coisas porque, como já bem sabes mas te custa tanto admitir, no fundo não só não te agradecem, como, além disso, os angustias.
Deveríamos aprender a observar-nos desapaixonadamente, honestamente, para nos aceitarmos tal como somos, com as nossas próprias feridas, erros e limitações. E, a partir desse princípio, aplicar aos outros, como por exemplo:
- Aprendermos com os erros e não nos castigarmos por eles. Não tomarmos a questão pessoal não termos atingido uma meta. Lembrar a cada dia, a cada minuto, que a pessoa não é o que faz, mas sim o que é.
- Evitarmos as comparações com outras pessoas e assumirmos que cada um tem as suas limitações e circunstâncias próprias, únicas.
- Termos muito claros os referentes pessoais e aferrarmo-nos a eles. Uma vez mais, não esquecer que és quem és e não o que fazes. efinires claramente o eu com que te identificas e as coisas que te fazem sentir o prazer de seres tu mesmo/a. Seleccionares os teus próprios gostos e objectivos. Não fazeres tuas as exigências ou as ambições da moda, da televisão ou do sistema.
- Gozar mais com o processo do que com os resultados. Sobretudo porque são, na maior parte das vezes, subjectivos.
O êxito de uns pode ser o fracasso para outros...."
"...
As pessoas mais felizes são aquelas para quem é mais fácil classificar como positivo um acontecimento próprio. O mais curioso é que,por vezes, dedicamos toda a nossa energia a aceitar as outras pessoas, a adaptarmo-nos às circunstâncias dos outros, mas não somos capazes de aplicar a receita a nós próprios. Esquecemo-nos de que não pode haver uma aceitação real do mundo que nos rodeia se não partirmos da aceitação autêntica do nosso.
Embora seja sempre preferível fazer as coisas acertadamente, não existe nenhuma lei que diga que há que ser excelente em tudo. A autocrítica constante destrói a auto-estima e absorve a vitalidade. cada um tem de tentar fazer o seu trabalho, educar os filhos (se os tiver) ou conviver com o seu companheiro da melhor forma possível, mas o facto de te enganares numa coisa ou de não fazeres tudo o que poderias não te transforma em incompetente, mas sim num ser humano. E se alguém te julgar mal por isso, o melhor que tens a fazer é afastá-lo da tua vida. Aceita os teus limites e defende-os e não esqueças que nem sempre podes, nem deves, agradar aos outros. Não te empenhes em esgotar-te fazendo tudo para demonstrar aos demias o que vales, entre outras coisas porque, como já bem sabes mas te custa tanto admitir, no fundo não só não te agradecem, como, além disso, os angustias.
Deveríamos aprender a observar-nos desapaixonadamente, honestamente, para nos aceitarmos tal como somos, com as nossas próprias feridas, erros e limitações. E, a partir desse princípio, aplicar aos outros, como por exemplo:
- Aprendermos com os erros e não nos castigarmos por eles. Não tomarmos a questão pessoal não termos atingido uma meta. Lembrar a cada dia, a cada minuto, que a pessoa não é o que faz, mas sim o que é.
- Evitarmos as comparações com outras pessoas e assumirmos que cada um tem as suas limitações e circunstâncias próprias, únicas.
- Termos muito claros os referentes pessoais e aferrarmo-nos a eles. Uma vez mais, não esquecer que és quem és e não o que fazes. efinires claramente o eu com que te identificas e as coisas que te fazem sentir o prazer de seres tu mesmo/a. Seleccionares os teus próprios gostos e objectivos. Não fazeres tuas as exigências ou as ambições da moda, da televisão ou do sistema.
- Gozar mais com o processo do que com os resultados. Sobretudo porque são, na maior parte das vezes, subjectivos.
O êxito de uns pode ser o fracasso para outros...."
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"Já não sofro por amor",
in Lúcia Etxebarría
sexta-feira, 9 de abril de 2010
A peça do puzzle
Muitas vezes não sabemos exactamente como medir o alcance das nossas opções ou avaliar as nossas escolhas. Não sabemos se estamos a fazer bem ou a fazer mal porque os sinais que recebemos são contraditórios e confundem-nos. Tudo, afinal, pode ser interpretado de uma maneira positiva ou negativa e é isso que não ajuda a ter lucidez.
Numa longa conversa que tive recentemente com um grande amigo falávamos sobre a questão de saber ler os sinais que nos chegam das mais variadas formas e divagávamos sobre a nossa incapacidade de, às vezes, os interpretar e perceber se estamos a fazer a opção certa ou errada.
Felizmenete nem sempre os sinais são equívocos e, na maior parte do tempo, basta-nos ouvir a consciência e dosear algum bom-senso para ter a certeza de que estamos a agir correctamente.
Acontece que nas alturas mais difícieis ou angustiantes, nas grandes escolhas que somos obrigados a fazer ao longo da vida, é frequente sentirmos algum desnorte e uma necessidade mais profunda de avaliar se estamos a fazer certo ou errado. Nestas alturas há que saber identificar os ditos sinais e avançar com mais prudência.
Estar atento à nossa própria evolução, àquilo que sentimos ou deixamos de sentir em função das nossas opções significa uma aposta permanente no conhecimento de si próprio e é uma forma mais segura de percorrer caminho. Não chega, no entanto, para aferir sobre a validade de todas as escolhas que fazemos e, muitas vezes, têm um alcance que ultrapassa o nosso horizonte imediato.
Confrontado com o desfazamento comum entre o que escolhemos, aqui e agora, e os efeitos retardadores das nossas escolhas, este meu amigo disse uma frase eloquente e tão preciosa que a guardei como um tesouro.
"Gosto de pensar que tudo se passa como num puzzle em que a peça ceta encaixa sem dobrar nem forçar."
A imagem da peça do puzzle a encaixar sem fazer fricção, sem rasgar. sem ferir e sem magoar os cantos é uma imagem feliz. Perfeita para nos ajudar a avaliar a forma como as coisas encaixam na nossa vida.
Claro que não está na nossa mão encaixar todas as peças e muitas fazem-nos sofrer ou vergar um bocado, mas é bom reter esta imagem para os momentos em que está nas nossas mãos decidir. Sentir que a escolha que fazemos nos deixa mais confortáveis, mais alinhados com a nossa verdadeira natureza e mais em paz é como sentir a peça do puzzle a encaixar. Mesmo que haja mágoa ou não se trate de uma escolha fácil. O sinal mais evidente será sempre como a escolha nos assenta e as peças encaixam umas nas outras.
Numa longa conversa que tive recentemente com um grande amigo falávamos sobre a questão de saber ler os sinais que nos chegam das mais variadas formas e divagávamos sobre a nossa incapacidade de, às vezes, os interpretar e perceber se estamos a fazer a opção certa ou errada.
Felizmenete nem sempre os sinais são equívocos e, na maior parte do tempo, basta-nos ouvir a consciência e dosear algum bom-senso para ter a certeza de que estamos a agir correctamente.
Acontece que nas alturas mais difícieis ou angustiantes, nas grandes escolhas que somos obrigados a fazer ao longo da vida, é frequente sentirmos algum desnorte e uma necessidade mais profunda de avaliar se estamos a fazer certo ou errado. Nestas alturas há que saber identificar os ditos sinais e avançar com mais prudência.
Estar atento à nossa própria evolução, àquilo que sentimos ou deixamos de sentir em função das nossas opções significa uma aposta permanente no conhecimento de si próprio e é uma forma mais segura de percorrer caminho. Não chega, no entanto, para aferir sobre a validade de todas as escolhas que fazemos e, muitas vezes, têm um alcance que ultrapassa o nosso horizonte imediato.
Confrontado com o desfazamento comum entre o que escolhemos, aqui e agora, e os efeitos retardadores das nossas escolhas, este meu amigo disse uma frase eloquente e tão preciosa que a guardei como um tesouro.
"Gosto de pensar que tudo se passa como num puzzle em que a peça ceta encaixa sem dobrar nem forçar."
A imagem da peça do puzzle a encaixar sem fazer fricção, sem rasgar. sem ferir e sem magoar os cantos é uma imagem feliz. Perfeita para nos ajudar a avaliar a forma como as coisas encaixam na nossa vida.
Claro que não está na nossa mão encaixar todas as peças e muitas fazem-nos sofrer ou vergar um bocado, mas é bom reter esta imagem para os momentos em que está nas nossas mãos decidir. Sentir que a escolha que fazemos nos deixa mais confortáveis, mais alinhados com a nossa verdadeira natureza e mais em paz é como sentir a peça do puzzle a encaixar. Mesmo que haja mágoa ou não se trate de uma escolha fácil. O sinal mais evidente será sempre como a escolha nos assenta e as peças encaixam umas nas outras.
Etiquetas:
in "XIS ideias para pensar",
Laurinda Alves
Sentir-te...
Sentir-te assim no meu abraço
sentir-te em liberdade, ao vento
neste preciso momento poder parar o tempo
por um momento em mim
e amar-te nesse abraço
sentir-te no teu cansaço
poder sorrir p'ra ti...
E não importa que seja assim
não me importa que não estejas mais aqui
perto de mim
porque ainda sinto o teu sabor
nos meus lábios, na minha boca
Não! afinal eu não estou louca
sinto o teu desejo em mim...
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Mudar de vida...
É sempre difícil tomar decisões que ponham em causa os hábitos e as rotinas há muito adquiridos, especialmente quando temos medo dum futuro que desconhecemos de todo, por isso muitas vezes (a maior parte das vezes) nos acomodamos à rotina, por muito incomodativa, por muito que nos doa, por muito que nos magoe, adoptamos a solução mais fácil, viver um dia de cada vez, simplesmente porque é preferível viver do que não viver de todo...
E o tempo vai passando, por vezes vão-se passando os anos, e, o desgaste causado pela tentativa de negação da realidade que conhecemos torna-se tão íntimo que não nos permite descortinar que há um mundo lá fora à espera de nós...
Mas um dia, porque mais cedo ou mais tarde há sempre um dia, acordamos, abrimos a janela, olhamos e vemos que afinal há sol, há calor, o céu está azul e descobrimos um outro lado da vida, e aí coloca-se-nos uma outra questão, o medo...
Como fazer? Como reaprender a caminhar? Como é seguir em frente? Serei capaz?
(Serei capaz?)
A contradição entre o querer fazer, o querer sentir, o querer viver e o medo de seguir em frente, o medo do desconhecido, faz-nos sentir perdidos, cambalear, ter dúvidas... porque de facto o medo existe, está lá, lado a lado com a vontade de seguir em frente, de cortar com a passado... o medo, sempre o medo, que de repente se torna tanto no nosso melhor amigo como no nosso pior inimigo...
O primeiro passo é dado no momento da tomada definitiva de consciência de que algo terá que mudar, mudar definitivamente, mudar....
O segundo passo é dado no momento em que dizemos não, não queremos mais, definitivamente não queremos mais...
A luta, essa inicia-se no momento da tomada a decisão, na consciência de que não vai ser fácil mas, que o primeiro passo está dado, há que seguir em frente...
A importância de não nos sentirmos sós, dá-nos a força necessária, dá-noa a coragem de não desistir...
E o tempo vai passando, por vezes vão-se passando os anos, e, o desgaste causado pela tentativa de negação da realidade que conhecemos torna-se tão íntimo que não nos permite descortinar que há um mundo lá fora à espera de nós...
Mas um dia, porque mais cedo ou mais tarde há sempre um dia, acordamos, abrimos a janela, olhamos e vemos que afinal há sol, há calor, o céu está azul e descobrimos um outro lado da vida, e aí coloca-se-nos uma outra questão, o medo...
Como fazer? Como reaprender a caminhar? Como é seguir em frente? Serei capaz?
(Serei capaz?)
A contradição entre o querer fazer, o querer sentir, o querer viver e o medo de seguir em frente, o medo do desconhecido, faz-nos sentir perdidos, cambalear, ter dúvidas... porque de facto o medo existe, está lá, lado a lado com a vontade de seguir em frente, de cortar com a passado... o medo, sempre o medo, que de repente se torna tanto no nosso melhor amigo como no nosso pior inimigo...
O primeiro passo é dado no momento da tomada definitiva de consciência de que algo terá que mudar, mudar definitivamente, mudar....
O segundo passo é dado no momento em que dizemos não, não queremos mais, definitivamente não queremos mais...
A luta, essa inicia-se no momento da tomada a decisão, na consciência de que não vai ser fácil mas, que o primeiro passo está dado, há que seguir em frente...
A importância de não nos sentirmos sós, dá-nos a força necessária, dá-noa a coragem de não desistir...
quinta-feira, 1 de abril de 2010
"Não sei porque sei"
Contornei minuciosamente
com um lápis de carvão, transparente,
que me emprestou sentido à vida
uma forma desconhecida
e colori com mil pincéis
o relevo de uma ilustração
desse livro imaginário
onde aprendi a ler e a sorrir...
Desviei com as mãos
tantas letras de frases obsoletas
que me perdi no caminho do conhecer...
Tentei decorar e não esquecer
mas, tantas vezes me perdi,
tantas vezes cometi esse pecado
de não ficar saciado,
que hoje já não sei
porque sei o que aprendi.
com um lápis de carvão, transparente,
que me emprestou sentido à vida
uma forma desconhecida
e colori com mil pincéis
o relevo de uma ilustração
desse livro imaginário
onde aprendi a ler e a sorrir...
Desviei com as mãos
tantas letras de frases obsoletas
que me perdi no caminho do conhecer...
Tentei decorar e não esquecer
mas, tantas vezes me perdi,
tantas vezes cometi esse pecado
de não ficar saciado,
que hoje já não sei
porque sei o que aprendi.
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